Conforme noticiámos e estava programado, decorreu, nesta Escola, no dia 3 de Dezembro, a comemoração do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.
A manhã foi ocupada com as aulas, à excepção das Áreas de Projecto e Formação Cívica. De tarde, tiveram lugar as comunicações alusivas ao tema.
Ao fim da manhã, realizaram-se duas actividades, quase em simultâneo, com invisuais e alunos da Escola:
Um Atelier explicativo: Como utilizar “auxiliares de mobilidade e de leitura” (bengala e equipamentos informáticos).
Um jogo de Goalball.
Claro que os alunos jogaram com os olhos vendados e o campo estava devidamente identificado, correctamente marcado e equipado para o efeito.
Ficámos surpreendidos com a adesão, compreensão e colaboração dos alunos e com a memória dos invisuais que os tratavam pelo nome, como se já os tivessem conhecido antes.
Pelas 14:30 h, chegou um grupo de jovens da ASTA, com os seus responsáveis, e os prelectores. Já os aguardava, no palco, um grupo de alunos, que cantou as Boas-Vindas, interpretadas em linguagem gestual, acompanhado à viola por colegas e pelo professor de Educação Musical. Acima do grupo, sobressaía um cartaz gigante, escrito em Braille, e em escrita padrão, onde se lia: BEM-VINDOS!
Apresentou, então, a sua comunicação a Drª Salete Bento, que exerce a sua actividade docente no Agrupamento de Escolas da Sequeira, trabalhando na integração da pessoa com deficiência. Falou da sua experiência profissional, das suas dificuldades e dos seus êxitos. Deixou no ar uma questão sobre a qual as crianças iriam reflectir, para discussão no debate: “Parece-vos que as crianças possuidoras de qualquer tipo de deficiência devem frequentar escolas específicas ou que a escola deve ser inclusiva?”.
Seguiu-se o Tó, que se desloca em cadeira de rodas. Vive no Centro de Acolhimento de S. João de Deus, por não se bastar a si próprio, e foi transportado numa viatura da CERCIG. Mas parece feliz e sensibilizou os alunos para a nobreza da causa de que se estava a tratar.
Depois, foi a vez da D. Liseta Gonçalves Marques, funcionária do Hospital Sousa Martins, que explicou a sua passagem de pessoa com visão normal para invisual. Falou de "morte" de células não renováveis, ligadas ao nervo óptico, que lhe provocaram a cegueira e de hereditariedade, acrescentando, mesmo, que a herdou de um primo já bastante afastado. Não se sente inferiorizada em relação a qualquer outra pessoa, já que continua a desempenhar a sua missão de boa profissional, boa mãe e dona de casa, onde faz tudo como antes. Apresentou exemplos práticos de como calcular o espaço, as dimensões de um objecto, etc.
Os alunos nem pestanejavam, tal era o interesse e a estupefacção.
Finalmente, foi a vez da Drª Maria José Dinis, fundadora da ASTA e “Mãe” de todas as pessoas que ali vivem e pelas quais se bate, para que se sintam pessoas a cem por cento. Explicou que os sentimentos deste grupo, e de cada indivíduo, são muito semelhantes aos de outros que se encontram na mesma fase etária, embora possam ser manifestados de forma diferente, e sublinhou, sobretudo, a pureza interior de toda esta gente.
Seguiu-se um debate animado, no qual as crianças mostraram que tinham captado a mensagem do dia: a pessoa com deficiência tem direito a ser amada e respeitada na sua diferença. Aliás, um dos slogans que decorava uma das paredes do pavilhão, e que foi, também, explicada era: “É preciso viver, não apenas existir!”
Foi difícil por termo ao debate, pois as questões brotavam, em catadupa, da boca de cada criança. Porém, o “Grupo do pé-coxinho”, da ASTA, estava ansioso por mostrar o seu talento musical e preparou-se para actuar.
Foi mais um exemplo do que pessoas deste género conseguem realizar.
Tocaram e cantaram uma canção popular, acompanhados com as vozes de quem já a conhecia e com as palmas de toda a Comunidade Educativa, ali presente.
Na segunda canção, solicitaram aos presentes que se movimentassem e então é que foi animação. Toda a gente dançou de forma animada e reinou a boa disposição. Pena foi que os timings de ambas as partes não tivessem permitido o prolongamento das actividades. Mas, normas são normas e mal houve disponibilidade para um rápido lanche e dois dedos de conversa, por aqui e por ali. Aos alunos do 9º Ano coube entrevistar as distintas prelectoras, já que são os finalistas. Aguardemos a publicação de “As Cerejinhas”, jornal da Escola, para ajuizarmos das suas competências na matéria.
A acção desenvolvida correspondeu às expectativas que criei durante a preparação. PARABÉNS aos organizadores, aos colaboradores, aos alunos, em suma, a toda a Comunidade Educativa, que mostrou ser detentora de capacidades, que podem, eventualmente, não estar exploradas. Parece que se aplica, neste contexto, a palavra de S. Paulo, que se refere, também, ao Advento, tempo litúrgico que estamos a viver, e que não podemos descuidar, sobretudo neste Ano Paulino: “Chegou a hora de nos levantarmos do sono..."